Esta mansão em ruínas já foi o refúgio de Coco Chanel e seu amante

Conhecida como Rosehall, esta propriedade está localizada nas românticas Terras Altas da Escócia. Fica, mais precisamente, na vila de Invershin. Basta dar uma olhada ao redor para notar o porquê do apaixonado casal ter ido para lá. Ao que parece, as belezas do campo proporcionavam uma sensação de privacidade muito necessária para essas duas figuras públicas.

Logo, Chanel e seu amante experimentaram o melhor que a Escócia tinha a oferecer. A uma curta distância de carro da mansão, é possível encontrar ondulantes colinas e lindas praias. Há também o clube de golfe Royal Dornoch, o qual foi inaugurado em 1877. Como a estilista praticava golfe, provavelmente ela frequentou esse estabelecimento durante sua estada.

De qualquer forma, se as paredes pudessem falar, apostamos que ouviríamos impressionantes histórias lá de dentro da mansão. Isso porque o casal era conhecido por receber importantes personalidades ali. Em 1927, por exemplo, Winston Churchill foi convidado a ficar em Rosehall devido ao seu estado de saúde.

A propósito, as cartas que o então futuro primeiro-ministro escreveu para sua esposa naquela época oportunizaram uma fascinante visão da vida cotidiana na propriedade. Acerca de Chanel, Churchill contou: "[Ela] pesca desde manhã até a noite e, em dois meses, já matou 50 salmões. [Chanel] é muito agradável - uma criatura realmente forte e incrível, capaz de governar tanto um indivíduo quanto um império".

Infelizmente, porém, Rosehall parou de receber muitos hóspedes. Até porque a mansão está agora abandonada e somente os exploradores urbanos ousaram a se aventurar por lá. Alguns deles, aliás, compartilharam na internet a experiência, apresentando as espetaculares descobertas que foram feitas dentro da casa. Isto inclui, claro, os resquícios dos marcantes e inovadores gostos de Chanel.

No período em que Chanel começou a projetar a fantástica mansão escocesa de seu amante, ela já havia percorrido um longo caminho desde o início de sua vida, que foi um tanto desagradável. Afinal, a jovem Gabrielle - pois é, o verdadeiro nome dela não é Coco - foi enviada por seu pai para um orfanato quando tinha apenas 12 anos. Contudo, foi lá que Chanel costurou pela primeira vez.

Depois que deixou o orfanato, Chanel passou a utilizar suas habilidades de costura para dar início ao seu reinado. Também, ela relacionou-se com dois homens muito ricos: Étienne Balsan e o capitão Arthur Capel. Por meio de seu luxuoso estilo de vida e apoio financeiro, a estilista conseguiu inaugurar com sucesso sua primeira loja de chapéus em 1910. Após 11 anos, este ícone da moda trouxe seu primeiro perfume exclusivo: Chanel Nº 5.

Pouco tempo depois, Chanel conheceu o pretendente que a levou à Escócia. Em 1923, de férias em Monte Carlo, ela encontrou o segundo duque de Westminster, também conhecido como Hugh Grosvenor. Naturalmente, a estilista não se incomodou com o fato dele estar em seu segundo casamento, sendo atraída por sua postura e feições bonitas.

A imensa riqueza do duque, inclusive, jamais foi um problema para Chanel. A verdade é que ela parecia realmente gostar do quão rico ele era, chegando até a escrever que "uma riqueza de tal magnitude deixa de ser vulgar. Está além de toda inveja. Assume as proporções de uma catástrofe".

De toda maneira, dentro de 48 horas após o primeiro encontro deles, Chanel foi convidada para jantar no extravagante iate do duque. A propósito, o Flying Cloud era um dos maiores iates privados do mundo inteiro na época. Acreditamos, portanto, que a estilista ficou bastante impressionada com todo aquele luxo - e por Westminster, claro -, uma vez que eles começaram a ter uma romântica relação a partir daí.

Naquele período, Chanel já era uma das mulheres mais famosas e influentes do mundo. Em um evento de corrida que contava com a presença da estilista e do duque, alguns fotógrafos capturaram Chanel com um cinto apertado ao redor do próprio casaco. Bem, não demorou nada para que todas as mulheres por aí fizessem o mesmo.

Acontece que a relação entre Chanel e Westminster não foi somente um caso. O duque divorciou-se de sua esposa em 1926 e a estilista demonstrou estar comprometida ao colocá-lo acima de qualquer outro amante em potencial. Embora fosse uma inovadora figura para a época, parece que ela disse ao amigo Claude Delay: "Eu escolhi aquele que melhor me protegia".

Ou seja, a imensa riqueza do duque de Westminster pode ter sido um importante fator na decisão de Chanel. Afinal, naquela época, ele equivalia praticamente ao CEO da Amazon, Jeff Bezos. Para você ter uma ideia, conhecer toda a casa de campo de Westminster no noroeste da Inglaterra levava algo em torno de 15 horas. Loucura, certo? Aliás, além do iate já mencionado, o duque também possuía propriedades no Reino Unido e na França.

Isto explica, então, a inclinação que o duque aparentemente possuía de presentear Chanel com exuberantes iguarias. Westminster enviava a ela enormes cestas de alimentos difíceis de achar nas lojas, como morangos e salmões frescos. Até há rumores de que, em uma ocasião, uma empregada de Chanel estava esvaziando uma dessas cestas quando encontrou uma gigante esmeralda sob a mercadoria.

Outra vez, um dos funcionários da casa de Chanel supostamente abriu a porta e se deparou com um buquê de flores tão grande que mal pôde ver o duque atrás do arranjo. De todo modo, apesar dessas histórias parecerem exageradas, é possível afirmar que a estilista vivia de fato com muito luxo naquele momento de sua vida.

Enfim, o duque era bastante generoso, principalmente em relação as suas propriedades. Tanto que, no início de seu relacionamento com Chanel, Westminster disponibilizou a ela sua residência em Mayfair, o qual é um nobre bairro de Londres. Ele também presenteou a estilista com um terreno na Riviera Francesa, onde ela elaborou uma bela casa de praia. Em seguida, veio o luxuoso ninho de amor do casal na Escócia, a Rosehall.

Inclusive, a Rosehall possui uma impressionante história. A primeira mansão construída na área pertencia, na verdade, a Richard Dunning, o segundo barão de Ashburton. Para auxiliar no transporte de materiais de construção, ele organizou para que um canal fosse feito, ligando a propriedade ao rio Oykel. Infelizmente, entretanto, todo o local pegou fogo em 1817 - um pouco antes do barão falecer. Assim, uma nova residência precisou ser feita.

Por sorte, os operários conseguiram resgatar alguns fragmentos da velha casa. Ao construírem uma nova, eles fizeram com que ela fosse maior e melhor. Ao final da restauração, a Rosehall ostentava cinco diferentes edifícios, extensas acomodações para os empregados, uma rede subterrânea de túneis e um enorme jardim com um lago.

Para Chanel e o duque, Rosehall deveria ser apenas uma casa de férias. De toda forma, isso não impediu com que a estilista deixasse sua própria marca na mansão. Ela escolheu, por exemplo, a cor bege para as paredes. Ainda que isso não pareça grande coisa hoje em dia, esse tom diferia muito do estilo tradicional.

Todavia, não foi só isso. Além de Chanel ter lindos papéis de parede franceses nos quartos, ela também contratou algumas pessoas para criar e instalar novas lareiras em Rosehall. A estilista chegou até a colocar o que pode ter sido o primeiro bidê de toda a Escócia em um dos banheiros da casa.

Por fim, embora o casal tenha recebido muitos convidados na mansão escocesa, parece que somente Winston Churchill forneceu um relato escrito de sua estadia. Logo, através da carta de 1927 do futuro primeiro-ministro para sua esposa, foi revelado não só o quão impressionado ele estava com Chanel e suas habilidades de pesca, como também a razão da propriedade ter sido um ótimo local de férias.

Churchill escreveu: "Esta é uma casa muito agradável em um vale das Terras Altas. Há bastante salmão, truta e narceja. O ar é muito revigorante, intenso e gentil ao mesmo tempo. É bem diferente da Inglaterra". No entanto, apesar das belas paisagens terem resistido ao tempo, não se pode dizer o mesmo de Rosehall.

Quando a deslumbrante história da mansão é considerada - um interior projetado por ninguém menos que Coco Chanel e quartos em que Winston Churchill teria dormido -, percebe-se ser certamente uma pena o lugar ter sido abandonado. A propósito, o romance de Chanel com o duque também ficou em ruínas.

O duque, ao que parece, não gostava de sair com os artísticos amigos de Chanel, visto que era uma luta para se envolver nas conversas. Aparentemente, Westminster também não ficava muito contente quando Chanel se dedicava ao seu trabalho. De qualquer maneira, como a carreira constituía uma imensa parte da identidade da estilista, não foi nenhuma surpresa ela ter recusado a proposta de casamento do duque com as seguintes palavras: "Houve muitas duquesas de Westminster, mas apenas uma Chanel".

Após numerosas discussões, o relacionamento de uma década do casal chegou ao fim, bem como as visitas de Chanel à mansão escocesa. O Duque casou-se novamente em 1930 e em 1947, porém, Chanel nunca aceitou um pedido de casamento. Desse modo, Rosehall foi deixada de lado e deteriorou-se com o tempo. Desde 1967, a casa permanece vazia - tomada por bolor e podridão seca.

Contudo, o atual aspecto da mansão não impediu com que os exploradores urbanos entrassem lá. Por meio de um vídeo do YouTube, é possível ter uma ideia de como Rosehall aparentava ser em seu auge. Aliás, foi o canal Samandjessexplore que, em 2020 postou essa visita descobrindo inúmeras relíquias e recordações do luxuoso passado da casa.

Já de início, os youtubers encontraram um vinho em uma prateleira do que parecia ser uma despensa. Inclusive, a garrafa estava completamente cheia. De forma respeitosa, entretanto, o grupo deixou o frasco como estava. Já na prateleira superior, havia algumas velhas folhas de um jornal que consistia em um exemplar de uma sexta-feira 13 de 1942 do Liverpool Echo.

Em seguida, os exploradores acharam uma sala repleta de móveis antigos. Em meio a isso, encontrava-se um sofá de couro chesterfield, um guarda-roupa turquesa com um intrincado padrão floral e uma enorme cama de madeira entalhada.

Todavia, antes de seguirem para outro cômodo da casa, os youtubers avistaram um abajour feito de conchas do mar. Também, em torno, havia outros velhos móveis e desgatados adereços, os quais provavelmente eram encantadores em outros tempos.

A cada passo dado naquela mansão em ruínas, incríveis relíquias eram descobertas por este corajoso grupo. Em uma das muitas lareiras de Rosehall, por exemplo, havia uma antiga obra de arte. Ao lado, um brilhante e arcaico carro de bombeiro proporcionava um vislumbre do singular estilo de decoração daquela casa.

Já em outro cômodo da mansão, um ornamentado divã encontrava-se em perfeito estado, considerando a deterioração ao redor. Até porque basta dar uma olhada na tonalidade verde das paredes para ter uma noção das condições de umidade do local. Logo, perto disso, estava uma intrigante placa escrita em árabe.

Então, os youtubers acharam um estojo porta vinho - o qual carregava a frase "A vida é muito curta para beber vinho ruim" - e algumas porcelanas azuis e florais produzidas pela empresa italiana Tiffany Boutique. Mesmo não sendo um produto da prestigiosa Tiffany & Co, tais itens ainda são bem valiosos. Em um site de louças, por exemplo, novos jogos desses pratos são vendidos por aproximadamente 150 dólares.

No entanto, ao subirem pelas escuras e empoeiradas escadas, esses exploradores descobriram muito mais. Em um banheiro, avistaram uma linda banheira vitoriana, a qual, segundo eles, pode ter sido usada por Coco Chanel ou Winston Churchill. Em seguida, acharam também um bidê rodeado de madeira úmida e podre. Ao que parece, esse foi um dos primeiros bidês - se não o primeiro - a serem instalados na Escócia.

Caminhando pelos misteriosos corredores da casa, o ousado grupo entrou em um cômodo que possuía um amontoado de velhos esquis. Ao lado, encontrava-se uma estranha máquina azul. Caso você, assim como os youtubers, não saiba a utilidade desse aparelho, um usuário do Youtube resolveu esclarecer o que é por meio de um comentário. Ele informou: "É uma máquina de lançar pratos de argila usada para a prática de tiro esportivo".

De qualquer maneira, foi em uma outra parte da mansão que a presença de Chanel pôde ser notada. Em um específico cômodo de Rosehall, havia um armário cheio de sapatos, os quais talvez foram usados por Chanel, pelo duque e por seus ilustres convidados. No canto, estavam os restos de uma grande e antiga máquina de costura que pode muito bem ter originado algumas criações da renomada estilista.

Embora as descobertas tenham sido impressionantes, a casa ofereceu alguns riscos ao grupo. Em um determinado momento, os exploradores acharam uma área onde o teto estava ruindo. Em outro lugar, as tábuas do piso pareciam estar completamente apodrecidas. Como se não bastasse, um local mais a frente foi tomado por insetos.

Evidentemente, portanto, o vídeo recebeu muitos comentários. Alguns usuários declararam estar tristes pela casa ter chegado a esse deplorável estado. Uma pessoa até escreveu: "Eu adoro como todos vocês respeitam as maravilhas que encontram. Uma pena a Coco não ter designado alguém para cuidar do lugar. Fico triste em ver uma estrutura tão bela em ruínas".

Porém, ainda há esperança para essa antiga mansão. Ao longo dos anos, alguns avaliadores de imóveis deram uma olhada na casa e determinaram que, apesar da bagunça e dos perigos, ela ainda pode ser restaurada. Desse modo, em 2014, a imobiliária Remax colocou Rosehall à venda por pouco mais de quatro milhões de dólares.

A propósito, quando os youtubers entraram na propriedade, ela já havia sido vendida. Sim, em janeiro de 2020 as informações foram divulgadas: a Rosehall será transformada em um luxuoso hotel - o que, se formos considerar sua história, não é nenhuma surpresa. Além disso, os empreendedores aparentemente desejam manter as modificações feitas por Chanel pelo hotel. Pois é, caso queira visitar este lugar, comece a economizar já!