Tripulação aérea detectou estranhos sinais de vida em uma ilha deserta

Voando sobre um afloramento nas Bahamas, a tripulação da Guarda Costeira dos Estados Unidos contempla o oceano. Bem abaixo deles, há atóis - ilhas paradisíacas ideais para ficar longe de tudo. No entanto, ninguém realmente viaja para lugares assim. Estes recifes não abrigam vida humana... ou pelo menos é o que o pessoal da Guarda Costeira acredita. Isso, claro, até eles avistarem algo totalmente inesperado em uma dessas ilhas.

Dessa maneira, ali é o início uma aventura que os membros da Guarda Costeira jamais esquecerão. À medida que se aproximam, observam estranhos sinais de atividade em uma remota ilha, localizada a cerca de 72 km da costa cubana. Conhecido como Anguilla Cay, tal local nunca havia sido lar para nenhuma comunidade; apenas uma vazia extensão de areia e relva. Porém, o que de fato surpreendeu essa equipe?

Se deixarmos nossa imaginação fluir, há muitas coisas que a Guarda Costeira poderia ter encontrado nessa ilha. De início, teriam eles identificado um misterioso "X" marcando o lugar de algum tesouro há muito tempo perdido? Ou será que encontraram evidências de que algumas pessoas estavam vivendo ali?

Seja como for, qualquer uma dessas descobertas teria sido impressionante para essa tripulação aérea da Guarda Costeira. Ao operar fora da cidade de Opa-locka - ao norte do condado de Miami -, esta equipe normalmente se concentra em missões de resgate nas águas entre Flórida e Cuba. Naquele dia, contudo, eles depararam-se com algo completamente imprevisto.

Aliás, é justo dizer que os tripulantes da Guarda Costeira têm visto bastante coisa. Sua estação aérea foi inaugurada em junho de 1932, na cidade de Miami, e foi uma espécie de pioneira por utilizar avançadas aeronaves para realizar resgates no oceano. Três décadas depois, as instalações foram transferidas para Opa-locka, local este onde permanece até hoje. Entretanto, a exploração de ilhas desérticas não costuma fazer parte da programação da Guarda Costeira.

Um dia normal na estação abrange, na verdade, a prestação de ajuda humanitária ou de serviços de transporte para marinheiros desaparecidos no Oceano Atlântico. Às vezes, a tripulação até mesmo ajuda em operações de resgate em larga escala, como a do voo 401 da companhia Eastern Airlines. Após esse avião ter caído no pântano de Everglades em dezembro de 1972, o pessoal da Estação Aérea da Guarda Costeira de Miami esteve lá para fazer o que fosse necessário.

Tanto que a equipe ajudou a salvar 42 pessoas nessa tragédia, retirando-as do local do acidente e levando-as ao hospital. Todavia, essa não foi a única ocasião em que eles se envolveram em uma importante operação. Oito anos depois, quando as fronteiras de Cuba foram abertas, a tripulação dessa base resgatou mais de 100 mil pessoas as quais tentavam fazer a perigosa travessia para os Estados Unidos.

Mais tarde, devido à devastadora passagem do furacão Katrina, as aeronaves da Estação Aérea da Guarda Costeira de Miami foram de grande ajuda. Também, desastres como o terremoto no Haiti e o derramamento de petróleo da Deepwater Horizon aconteceram e a base aérea esteve sempre pronta para auxiliar. No entanto, nada disso preparou a tripulação para o que eles encontraram em Anguilla Cay.

Inclusive, a Guarda Costeira possuía adequado equipamento para o trabalho. Atualmente, a estação de Opa-locka abriga cinco HC-144 - aeronaves bimotoras frequentemente utilizadas em operações de resgate. A base também conta com cinco helicópteros denominados de MH-65D Dolphins. Logo, a qualquer momento, mais de 300 pessoas, tanto militares quanto civis, podem ser encontradas nesse lugar. Juntos, eles patrulham de maneira constante pela costa da Flórida, prestando assistência a quem precisa.

Desse modo, em 8 de fevereiro de 2021, essa assistência foi necessária em um inesperado local . Naquele dia, um HC-144 decolou de Opa-locka para realizar uma patrulha comum. Então, ao voar para o sul do Oceano Atlântico, a tripulação passou por uma familiar ilha: Anguilla Cay. Tal espaço pertence a uma série de ilhas situadas ao extremo sul de Cay Sal Bank, na costa norte de Cuba.

Tecnicamente, Anguilla Cay faz parte das Bahamas, um arquipélago mais conhecido por suas férias tropicais e resorts de luxo. Porém, este lugar em específico fica bem mais perto de Cuba e, definitivamente, não dispõe de nenhum hotel cinco estrelas pelas suas arenosas margens. Pelo contrário, o atol não passa de um banco de areia intocado pela civilização humana.

Pelo menos, era isso o que pensava a equipe de Opa-locka. Contudo, ao se aproximarem de Anguilla Cay, local este que já haviam sobrevoado em diversas outras ocasiões, eles notaram algo incomum por ali. A mais de 150 m acima da ilha, eles viram o que parecia ser uma cruz e uma bandeira; indicadores claros de presença humana.

Assim, o que realmente estava acontecendo? Bem, à medida que ficavam mais próximos de Anguilla Cay, a tripulação identificou a existência de pessoas por lá. Esses náufragos, a propósito, tentavam chamar a atenção da aeronave, balançando uma bandeira no ar e acenando para a equipe da Guarda Costeira.

Ao The Daily Telegraph em fevereiro de 2021, o tenente-aviador Riley Beecher relatou: "Eu pensei: 'Vamos dar uma olhada mais de perto'. Eu nunca notei nada naquela ilha. Mas, então, vi duas pessoas balançando freneticamente as mãos na intenção de nos fazer descer". A tripulação, ansiosa para ajudá-los, lançou um rádio e abriu linha de comunicação.

Dessa forma, em pouco tempo a apavorante história foi contada. Naquela ilha havia um pequeno grupo de cidadãos cubanos - uma mulher e dois homens. Ao que parece, eles foram atingidos por uma tempestade cinco semanas antes e haviam perdido, portanto, seu barco. Apesar do trio ter conseguido nadar até Anguilla Cay, eles alegaram estar presos lá por 33 dias.

Entretanto, como essas pessoas sobreviveram naquele desabitado pedaço de terra se estavam expostos a tudo e sem acesso à comida e água potável? Pois é, conforme consta, os náufragos construíram abrigos simples e comeram ratos e moluscos. Já para se manterem hidratados, eles bebiam a água da chuva.

A tripulação logo lançou comida e água na ilha, já que não seria possível resgatá-los imediatamente. Afinal, as desfavoráveis condições climáticas indicavam que a operação de resgate só poderia ser realizada no dia seguinte. Dessa maneira, os três sobreviventes precisaram permanecer ali e ver a Guarda Costeira partir.

Felizmente, Beecher e sua equipe conseguiram contatar outra aeronave da Guarda Costeira que patrulhava a região. Pouco tempo depois, eles chegaram a Anguilla Cay com mais suprimentos de emergência, incluindo coletes salva-vidas. De acordo com o site The Maritime Executive, a tripulação até entregou sua própria comida para o trio de náufragos.

Aliás, o tenente-aviador Justin Dougherty contou ao The Daily Telegraph sobre o momento em que ele e seus colegas haviam feito contato com os sobreviventes. Dougherty disse: "Eles pareciam muito aliviados. Tinham até perdido a noção de que dia exatamente era". Todavia, os náufragos ainda não estavam fora de perigo. Tanto que, aparentemente, a única mulher do grupo havia começado a sofrer pelos baixos níveis de açúcar no sangue.

Mesmo que a segunda tripulação tenha deixado alguns produtos médicos, ficou claro que os três precisavam ser retirados da ilha para receber, de fato, atendimento médico. Assim, em 9 de fevereiro, um helicóptero da Estação Aérea da Guarda Costeira de Clearwater chegou ao local. No entanto, os náufragos ainda passariam por mais uma provação. 

Impossibilitada de pousar na ilha, a tripulação teve que puxar um por um daquele trio para dentro do helicóptero, o qual esperava a muitos metros acima do atol. Após uma tensa operação que durou cerca de meia hora, os três foram resgatados e levados a um centro médico na Flórida, onde profissionais da saúde avaliaram suas condições.

O curioso era que eles aparentemente não possuíam nenhum ferimento grave. Exceto por alguns sintomas de fadiga e desidratação, os três pareciam estar bastante saudáveis. Enfim, visto que ficaram presos em uma ilha deserta por mais de um mês, a verdade é que eles haviam se saído muito bem.

Inclusive, Dougherty compartilhou sua descrença ao canal de notícias WPLG, de Miami, dizendo: "Isto é extraordinário. Foi incrível! Eu nem sei como eles fizeram isso. Estou surpreso por estarem em tão boa forma". Afinal, por conta dos perigos da desidratação, foi muita sorte esses três terem sobrevivido.

A propósito, as sombras das palmeiras de Anguilla Cay foram vitais para os náufragos. Caso a ilha fosse mais árida ou mais quente, a história poderia não ter tido um final tão feliz. Segundo o comentário de um representante da Guarda Costeira ao The Maritime Executive, sobreviver a essa situação foi realmente uma questão de sorte para o trio.

Ao The Guardian em fevereiro de 2021, um oficial da Guarda Costeira afirmou que esse foi um resgate diferente de qualquer outro que a equipe já havia realizado antes. Ele falou: "Não consigo me lembrar de nenhuma vez em que salvamos pessoas que ficaram presas por mais de um mês em uma ilha. É algo novo para mim".

O oficial de serviço do Sétimo Distrito da Guarda Costeira, Sean Connett, chegou até a elogiar o trabalho das equipes de resgate. Ele revelou ao The Maritime Executive: "Graças as nossas tripulações aéreas que conduzem de modo empenhado as patrulhas de rotina, fomos capazes de localizar pessoas em perigo e intervir. Essa foi uma operação muito complexa envolvendo recursos e tripulações de diferentes unidades. Porém, devido à boa comunicação e coordenação entre os centros de comando e os pilotos, conseguimos levar todos com segurança a uma instalação médica antes que a situação se agravasse".

A dúvida que fica é: como exatamente essas três pessoas acabaram em Anguilla Cay? Bem, há poucos motivos para duvidar da história de que eles nadaram até a costa depois de ter perdido seu barco em uma tempestade. Atualmente, contudo, não está claro se os náufragos tentavam chegar aos Estados Unidos ou foram apenas vítimas de uma desastrosa viagem marítima.

De qualquer maneira, eles estão agora sob a custódia do controle de fronteira dos Estados Unidos. Aos envolvidos no dramático resgate, entretanto, a origem dos náufragos não importava. De acordo com o The Daily Telegraph, a equipe estava simplesmente focada em salvar outros humanos.

Aliás, não foi a primeira vez que a Guarda Costeira precisou resgatar cidadãos cubanos de Cay Sal Bank. Ao que parece, em outubro de 2020, uma equipe salvou um grupo de 22 migrantes que acabaram nessa cadeia de ilhas. Embora a complicada experiência houvesse sido um pouco mais curta, apenas dez dias, as condições mostraram-se igualmente desafiadoras.

Todavia, a tripulação do resgate de fevereiro de 2021 provavelmente não esquecerá tão cedo desse ocorrido. Ao The Daily Telegraph, Beecher compartilhou: "Não é sempre que você encontra três pessoas presas durante 33 dias em uma ilha. Ver o alívio em seus rostos quando demos a elas alguma esperança foi incrível e gratificante demais".

Também, outro impressionante resgate aconteceu em agosto de 2020. Assim como as nuvens cobriam boa parte das espalhadas ilhas de Micronésia, a tripulação de um KC-135 da Força Aérea dos Estados Unidos procurava por alguns marinheiros que estavam desaparecidos há três dias. A preocupação apenas aumentava quando, por fim, o piloto avistou algo incomum em uma pequena ilha.

Os marinheiros tinham desaparecido em 30 de julho de 2020, após partirem do pequeno atol de Poluwat. No entanto, como não chegaram ao seu destino - o ainda menor atol de Pulap -, os três homens foram dados como desaparecidos.

O boletim de desaparecimento foi feito no dia seguinte e apresentado às autoridades de Guam - território dos Estados Unidos no Oceano Pacífico. Esse registro, talvez, tenha vindo de amigos ou familiares os quais esperavam o retorno desse trio ao atol de Pulap, onde todos viviam. Porém, seja quem for, essas pessoas devem ter ficado realmente preocupadas.

De toda forma, os desaparecidos eram nativos de Micronésia. Esta região é composta por mais de 600 ilhas e atóis que se encontram no arquipélago das Ilhas Carolina, ao oeste do Pacífico. Logo, localiza-se ao sul do Japão e ao norte de Papua-Nova Guiné.

Naquela trágica quinta-feira, os três marinheiros haviam partido para o oeste do Pacífico em um estreito barco. Contudo, eles desapareceram em algum momento dessa viagem - e a possibilidade de sobreviverem nessa área por vários dias era mínima.

Afinal, ficar no Oceano Pacífico em um pequeno barco por dias é muito perigoso. Principalmente porque o trio estaria à mercê das rápidas e muitas vezes violentas mudanças climáticas da região. Então, o barco ficaria sujeito às tempestades e ondas as quais poderiam facilmente afundá-lo ou virá-lo.

Havia também a possibilidade dos marinheiros ficarem cara a cara com algumas perigosas espécies que vivem sob as vastas águas do Oceano Pacífico, como o grande tubarão-branco. Esses enormes predadores poderiam morder o barco, confundindo-o com uma possível presa, e até mesmo saltar sobre ele para obter sua refeição.

Entretanto, ser atacado por um imenso tubarão-branco deve ter sido a menor das preocupações dos marinheiros, uma vez que a ameaça de desidratação se apresenta muito mais real. Se eles não tivessem levado bastante água potável e não fossem resgatados rapidamente, seriam, portanto, vítimas dessa condição. Até porque os seres humanos não podem beber água do mar e fazer isso na tentativa de conter a desidratação leva ainda mais rápido à morte.

Dependendo da temperatura, a morte por desidratação pode ocorrer dentro de três a cinco dias - ou menos do que isso. Também, os três marinheiros corriam sério risco de sofrer de hipotermia caso estivessem molhados. Para esclarecer, a hipotermia acontece quando o corpo perde mais calor do que pode gerar, ocasionando uma significativa queda na temperatura do indivíduo.

Assim, a hipotermia severa pode resultar na falência dos órgãos vitais. Além disso, se algum dos três marinheiros possuíssem alguma doença crônica - como doença autoimune, doença cardiovascular, diabetes ou artrite -, eles seriam ainda mais suscetíveis a desenvolver essa condição.

Inclusive, os marinheiros poderiam ir a óbito devido à fome. Conforme o site Professor’s House, especialistas sugerem que isto tende a ocorrer por volta de quatro a oito semanas. Para não morrerem de inanição, então, o trio teria que capturar peixes ou aves oceânicas.

Por incrível que pareça, um homem conseguiu sobreviver, no meio do oceano, somente com o que a natureza poderia proporcionar. Em maio de 2002, um cidadão estadunidense de origem vietnamita, chamado Richard Van Pham, embarcou no que deveria ter sido uma rotineira viagem de 37 km de Long Beach, Califórnia, até a Ilha de Santa Catalina. Todavia, o barco desse marinheiro acabou sendo seriamente danificado.

O mastro de 8 m de comprimento do Sea Breeze, o barco de Van Pham, sofreu danos irreparáveis por conta das intensas rajadas de vento no Pacífico. O motor de popa e o rádio bidirecional também apresentaram mal funcionamento. Resumindo, o pior pesadelo de um marinheiro tornou-se realidade para Van Pham, o qual foi assustadoramente levado pelo oceano.

Desse modo, ele passou quase quatro meses perdido no Oceano Pacífico. No entanto, esse marinheiro de 62 anos manteve-se vivo, em grande parte, graças aos seus aguçados instintos de sobrevivência. Ao reservar a água das chuvas em um balde, um constante fluxo de água potável foi mantido por ele. Van Pham também capturou quantia suficiente de peixes e aves oceânicas para se alimentar, cozinhando suas refeições em uma pequena grelha que estava a bordo.

Por fim, Van Pham foi avistado por uma aeronave militar norte-americana que estava realizando operações na área. Aliás, ele foi encontrado próximo da Costa Rica. Logo, um pequeno barco de resgate do USS McClusky, um navio de guerra estadunidense, buscou esse marinheiro de longa distância.

Apesar da difícil experiência de Van Pham, ele até estava saudável. O marinheiro contou que havia perdido cerca de 18 kg e foi filosófico ao falar sobre sua assustadora luta pela sobrevivência. Em 2002, ele disse ao jornal Los Angeles Times: "Se você viaja no mar, você lida com o que encontra. Se você fica com medo, você morre".

Enfim, com isso em mente, é evidente que os três marinheiros de Micronésia estavam em perigo. Dessa maneira, ainda que a incrível história de sobrevivência de Van Pham desse esperança de que eles seriam encontrados vivos, as tentativas de resgaste precisariam ser bem sucedidas em breve para que isso ocorresse.

Portanto, após o boletim de desaparecimento ter sido registrado, uma operação de resgate foi iniciada, sendo liderada principalmente pelos militares dos Estados Unidos e da Austrália. A propósito, os Estados Unidos possuem diversos territórios situados de forma estratégica naquela região. O mais conhecido deles é a já mencionada ilha de Guam, a qual foi tomada dos espanhóis em 1898 e, mais tarde, reconquistada do Japão durante a Segunda Guerra Mundial.

Enquanto isso, a Austrália está localizada abaixo de Papua-Nova Guiné e da Indonésia - rodeada pelo Índico e Pacífico. A parte sul do país, inclusive, fica a uma distância de pouco mais de 4.000 km de Micronésia, lugar este onde os três marinheiros desapareceram. Assim, os militares australianos gentilmente forneceram um de seus helicópteros para auxiliar na busca por esses homens. 

Esse helicóptero estava a caminho do Havaí, sendo transportado por meio do HMAS Canberra, quando o desaparecimento desses marinheiros foi notificado. De acordo com os militares australianos, aliás, aquele imponente navio - muitas vezes chamado de doca de pouso de helicópteros - pesa 27 mil toneladas.

O site da Marinha Real Australiana salienta que o HMAS Canberra oferece "um dos sistemas de assaltos anfíbios ar-terra-mar mais capazes e sofisticados do mundo". Além disso, ele contribui "para a defesa da Austrália e de seus interesses nacionais e permite que a [Força de Defesa Australiana] forneça ajuda humanitária em larga escala, tanto na Austrália quanto na região".  

De fato, a Força de Defesa Australiana foi muito necessária naquele momento para efetivar seu principal objetivo, o qual envolvia a prestação de assistência humanitária. A organização militar, então, dispensou um de seus helicópteros dos exercícios navais para ajudar na procura pelos marinheiros desaparecidos.

Os Estados Unidos, por sua vez, ofereceram para a busca os transportes e os operadores tanto da Guarda Costeira quanto da Força Aérea. Tais serviços foram proporcionados, em especial, pelo Décimo Quarto Distrito do Havaí. Também, os australianos e estadunidenses contaram com o auxílio dos paramédicos de Micronésia.

A verdade é que essas forças foram reunidas somente após um pedido de ajuda feito pelo Centro de Coordenação de Salvamento de Guam. Era 1º de agosto quando registraram o desaparecimento dos três marinheiros. Logo, as equipes foram organizadas e partiram oficialmente em busca desse trio.

De qualquer modo, a procura pelos marinheiros foi em vão durante os primeiros dias. Ainda que contassem com muitos recursos, as equipes de resgate não conseguiram localizar esses indivíduos que haviam desaparecido durante a viagem de aproximadamente 40 km entre os atóis de Pulawat e Pulap. Era como procurar uma agulha em um palheiro. 

Afinal, o Oceano Pacífico cobre uma espantosa extensão de 165,2 milhões de quilômetros quadrados - cerca de 60 milhões de quilômetros quadrados a mais do que o Oceano Atlântico. Ou seja, esta gigantesca área corresponde ao maior e mais profundo oceano da Terra. Até porque, conforme a Encyclopedia Britannica, o Pacífico abrange uma área tão grande que 46% de todas as águas superficiais do planeta estão sob sua jurisdição.

A propósito, o Oceano Pacífico - que se estende do Ártico até a Antártida - cobre por volta de 32% da superfície total da Terra. Dessa maneira, o Pacífico é maior do que todos os continentes do nosso planeta juntos e isto, definitivamente, torna a busca por indivíduos desaparecidos ali muito mais difícil.

Outro problema que as equipes enfrentaram foi o fato da região de Micronésia possuir aproximadamente 2.700 km² e 2.100 ilhas. Eles precisaram, portanto, decidir sobre uma viável área de busca a fim de aumentar suas chances de encontrar os marinheiros.

Dado o tamanho do Oceano Pacífico e a dispersão de Micronésia, as equipes de resgaste estavam realmente em uma situação complicada. Acrescente a isso todas as formas já apresentadas pelas quais os três homens poderiam ir a óbito e você terá uma noção da complexidade desse quadro. Porém, no terceiro dia de busca, uma possível pista foi identificada.

Em um avião tanque KC-135, um piloto norte-americano notou algo curioso em uma ilha. Assim, aquele aviador contatou seus colegas australianos e o helicóptero deles pode, então, descer para averiguar o ambiente. Ao que parece, algo estava gravado na areia daquela ilha. 

Segundo a BBC, quando o helicóptero se aproximou da ilha, o piloto pôde ver claramente o que havia na costa. Eram as letras SOS. De conhecimento geral, este código universal é utilizado como um sinal de alerta e socorro.

À vista disso, a operação conjunta de resgate havia feito um grande avanço na busca pelos marinheiros desaparecidos. Ou, no mínimo, tinham encontrado outras pessoas que precisavam urgentemente de ajuda. Até porque o sinal de socorro foi escrito na esperança de ser notado por um avião ou helicóptero.

À direita da mensagem SOS, entretanto, havia o barco usado pelos marinheiros. Certamente, então, encontrava-se ali os três homens que as equipes de resgate estavam procurando. Só restava o helicóptero militar australiano descer e verificar. 

Assim, o pouso aconteceu na costa arenosa e lá estavam eles: os três marinheiros desaparecidos de Micronésia. O trio havia sido encontrado em uma isolada área conhecida como Ilha Pikelot, nos Estados Federados da Micronésia. Surpreendentemente, eles estavam a uma distância de 190 km do destino planejado. 

De acordo com as autoridades australianas e estadunidenses, o barco de 7 m de comprimento desses marinheiros ficou sem combustível. Como consequência, desviou-se da rota e acabou parando na desértica ilha de Pikelot. Ao se aproximarem do trio e confirmarem suas identidades, a Força de Defesa Australiana notou que eles estavam em "boas condições". Inclusive, acrescentou que os três não apresentavam significativos ferimentos ou enfermidades.

De qualquer forma, o helicóptero australiano trouxe consigo água potável e alimento. Um C-130 da Guarda Costeira dos Estados Unidos também lançou um rádio para que os marinheiros pudessem se corresponder com a tripulação de um barco de patrulha vindo da ilha de Yap.

O afortunado trio foi, portanto, levado até a sua terra natal, Pulap, pelo barco de patrulha de Micronésia. Contudo, o tenente-coronel Jason Palmeira-Yen, piloto do KC-135, contou em um post no Facebook que essa emocionante história de resgate quase não aconteceu. Ele relatou: "Estávamos chegando ao fim do nosso padrão de busca. Viramos para evitar algumas pancadas de chuva e foi aí que olhamos para baixo e vimos aquela ilha...".

Palmeria-Yen prosseguiu: "Nós [decidimos] dar uma olhada e, então, vimos [a mensagem] SOS e um barco bem ao lado na praia. A partir daí, já chamamos os [australianos] porque eles tinham dois helicópteros próximos que poderiam auxiliar e pousar na ilha".

Aliás, o capitão da Marinha Real Australiana, Terry Morrison, revelou estar orgulhoso dessa operação de resgate. De acordo com a BBC, ele disse: "Estou orgulhoso da resposta e do profissionalismo de todos a bordo ao cumprirem com a obrigação de contribuir para a segurança da vida no mar, onde quer que estejam". Em um comunicado por escrito, o capitão da Guarda Costeira dos Estados Unidos, Christopher Chase, mencionou que os australianos, os estadunidenses e os micronésios trabalharam muito bem.

O comandante de Guam da Guarda Costeira dos Estados Unidos escreveu: "Parcerias. Isto é o que fez com que esse caso de busca e resgate fosse bem sucedido. Através da colaboração com organizações de resposta múltipla, salvamos três membros de nossa comunidade, trazendo-os de volta para suas famílias". De fato, a operação foi um grande sucesso. A impressão que fica, a propósito, é que esses três marinheiros e suas famílias serão sempre gratos a essa internacional parceria pelo heroico resgate.