Veja o quão perfeitamente preservada está Graceland, a incrível mansão de Elvis Presley

Na história da música popular, não há provavelmente ninguém mais amado do que Elvis Presley, o Rei do Rock 'n' Roll. Da mesma forma, nenhuma casa de celebridade é tão famosa quanto Graceland, a mansão do Rei, a qual recebe centenas de milhares de fãs por ano. O mais curioso, no entanto, é que existe uma área que é proibida aos visitantes. Assim, o que realmente há por dentro da impecável Graceland?

Foi no início de 1957 que Elvis, com somente 22 anos de idade, decidiu comprar uma propriedade conhecida como Graceland. Localizada perto de Memphis, no Tennessee, a área de 5,5 hectares custou ao cantor aproximadamente 100 mil dólares. A linda mansão seria o lar do Rei, de sua mãe Gladys, seu pai Vernon e sua avó Minnie Mae.

Ao longo dos anos, ela também se tornou a casa de muitos membros da turma de Elvis, os quais eram conhecidos como a "Máfia de Memphis". Durante os 20 anos em que Graceland serviu como o lar de Elvis, diversas mulheres - incluindo, claro, sua esposa Priscilla - residiram lá. Logo, aquele local continua sendo lendário para os fãs.

Enfim, quando o Rei morreu em 1977, Vernon assumiu o controle de Graceland. Ele, porém, faleceu apenas dois anos depois, deixando Priscilla como responsável da propriedade até que a filha de Elvis, Lisa Marie, que ainda não havia chegado nem na adolescência, atingisse a idade adulta. Portanto, foi Priscilla quem garantiu o futuro para todos que fossem relacionados ao Rei ao criar um museu em Graceland.

Graceland recebeu seus primeiros visitantes em junho de 1982, no verão. Elvis ainda era o artista solo mais vendido de todos os tempos e um grande número de fãs desejava ir a sua mansão para prestar homenagem a ele. Aliás, agora é um importante destino turístico - a única residência dos Estados Unidos que recebe mais visitantes é a Casa Branca. Pois é, as pessoas adoram ver a maneira como a personalidade do cantor encontra-se refletida em toda a propriedade.

A área de jogos de Elvis, a qual possui uma grande mesa de bilhar, foi inspirada por uma representação de uma sala de bilhar de 1700. O decorador do Rei, Bill Eubanks, comprou mais de 270 m de tecido e sua equipe passou mais de uma semana organizando tudo isso nas paredes e no teto.

Já na sala de TV, Elvis inspirou-se no presidente Lyndon B. Johnson. No caso, não em termos de decoração, e sim em relação à quantidade de televisores naquele espaço. Elvis descobriu que Johnson tinha três e isso permitia com que ele sintonizasse em todas as grandes redes ao mesmo tempo. Então, evidentemente o Rei sentiu que precisava de três também.

"A sala, inclusive, é famosa por seu ousado esquema de cores amarelo, azul-marinho e branco com um relâmpago [decorando a parede]", revela o site de Graceland. "A sala conta com um felpudo carpete amarelo, grande sofá azul, trilho eletrificado e lâmpadas de arco cromado. Como vários outros cômodos de Graceland, a área do bar na sala de TV é espelhada para parecer maior".

Enquanto isso, a cozinha apresenta-se como um perfeito exemplo do design de interiores dos anos 70. Até hoje, aquela parte ainda parece a mesma de quando Elvis a renovou em 1974. Desse modo, os lustres são de vitral, o forno e a lava-louças são coloridos pelo tom verde-limão, a geladeira é de um amarelo brilhante e há também um fogão de oito bocas.

Sim, Elvis sempre fez questão de equipar sua cozinha com a mais avançada tecnologia disponível na época. Ele, por exemplo, foi a primeira pessoa em Memphis a possuir um micro-ondas. Naquele período, o eletrodoméstico custou mais de 500 dólares, o que equivaleria a uma verdadeira fortuna atualmente. A propósito, o Rei não economizava quando se tratava de comida.

Elvis gostava bastante dos sanduíches de banana com bacon e pasta de amendoim que eram preparados para ele na cozinha de Graceland. Além disso, sua lista de compras incluía alguns outros incomuns itens que ele insistia em ter o tempo todo, como salsicha e chucrute.

Acerca da decoração da sala de estar, ela permaneceu do mesmo jeito desde 1957 até meados da década de 1970. De acordo com o site oficial de Graceland, "o personalizado sofá de 4,5 m, a mesa de centro de 3 m, as mesas de canto e algumas outras peças ofereciam um clássico visual". No Natal, parece que Elvis acabou trocando as cortinas vermelhas por outras da cor azul, sendo tal alteração mantida pelos executores do cantor até hoje.

Em 1974, contudo, o Rei quis uma mudança naquele cômodo. Portanto, ele "redecorou a sala com uma dramática ornamentação e mobília provençal, incluindo tapete vermelho, móveis de veludo vermelho e cortinas de cetim vermelho". Esse design sobreviveu somente até o início dos anos 80. Afinal, antes que o público pudesse entrar em Graceland, os responsáveis pela casa optaram por retornar ao visual clássico, visto que na maior parte do tempo a sala havia sido daquela forma.

Separando a sala de estar e a sala de piano, estão os vitrais que se tornaram tão emblemáticos aos fãs de Elvis. Isto porque as peças contam com o desenho de um pavão, o qual simboliza a imortalidade no cristianismo. Esses itens, junto com os vitrais na sala de jogos e na entrada principal, foram todos criados durante o outono estadunidense de 1974 por uma companhia de Memphis chamada Laukhuff Stained Glass.

Aliás, aqueles vitrais decorados pela representação de um pavão eram bem adequados àquele homem, posto que uma das principais paixões do Rei eram os animais. Tanto que ele acabou erguendo um enorme celeiro nos jardins para abrigar seus animais de estimação. Em um certo momento, foi o lar de vários cavalos. Elvis também teve muitos cães ao longo dos anos, como um chow-chow, um dogue alemão e um basset.

Entretanto, o animal de estimação mais diferente do Rei foi um chimpanzé chamado Scatter que ele adquiriu do astro de TV local Bill Killebrew. Enfim, Scatter tinha permissão para vagar pela propriedade toda e ainda ficar com o cantor e sua turma. Elvis vestia seu chimpanzé com vários trajes e, pelo menos no início, achou graça nas brincadeiras do animal. Após um tempo, ele admitiu que Scatter precisava mesmo ter seu próprio local em Graceland.

Já a sala mais famosa de Graceland com certeza é a "Sala da Selva". Ainda que Elvis não tenha conhecido a sala por esse nome, visto que ele sempre se referiu a ela como "covil", tal título foi dado por um repórter quando a mansão se tornou um museu.

Segundo a Rolling Stone, a Sala da Selva tornou-se o ponto principal da residência de Elvis. O jornalista Jordan Runtagh escreveu: "Lá ele tomava seu café da manhã, contemplava a enorme cascata artificial, entretinha seu círculo de amigos apelidado de 'Máfia de Memphis' e, se achasse necessário, disparava em sua TV com um revólver". A decoração foi descrita por Runtagh como "incrivelmente extravagante" e "ostentosamente cafona".

Todavia, a sala era uma maravilhosa representação da personalidade única de Elvis. Runtagh escreveu que "essa rebelde área com um felpudo carpete verde, plantas de plástico, luzes coloridas e imitações de animais parecia perfeitamente apropriada" quando associada ao Rei. "Seu estilo excêntrico, humor brincalhão, temperamento maluco e pura arrogância estavam em todo canto".

Quando Elvis se mudou para Graceland em 1957, o espaço que seria a Sala da Selva era, na verdade, um terraço descoberto. No entanto, antes que ele transformasse aquela parte da casa, o Rei foi convocado para o Exército dos Estados Unidos em 1958. Seu recrutamento foi um circo midiático e ele acabou servindo por dois anos na Alemanha antes de voltar para os Estados Unidos na primavera de 1960.

Ao retornar, Elvis deu início a uma série de reformas que transformariam aquele lugar na sua visão de residência perfeita. Logo, em 1965 foi criada a versão inicial da Sala da Selva, contando com pesadas cortinas que deixavam a área escura o tempo todo. Porém, o design interior não agradou em nada o proprietário.

No livro Elvis and the Memphis Mafia, o amigo do Rei, Marty Lacker, recordou-se: "Nenhuma das coisas da Selva estava lá". Ao invés disso, o pai de Elvis tinha decorado a sala com itens da Sears. Havia "grandes mesas redondas, [dessas] que você vê em restaurantes, que tem a parte debaixo cromada e a de cima preta".

Naquela época, a principal peça da sala era uma enorme TV em cores que foi dada ao Rei por sua gravadora, a RCA. Elvis apresentou-se bem imprudente com esse aparelho e os outros 13 em Graceland, visto que aparentemente atirou na televisão com seu revólver calibre .357 Magnum quando Robert Goulet, a quem ele odiava, apareceu na tela. Contudo, como seu pai diria mais tarde, ele sempre "podia se dar ao luxo de comprar uma nova".

Assim, Elvis logo adicionou algumas coisas naquela sala, como uma cascata. Apesar de parecer incrível e esteticamente agradar ao Rei, aquela invenção foi um absoluto desastre na prática. "Foi uma ótima ideia, exceto pelo fato de que inundava tudo. Nunca funcionava", contou Priscilla em uma entrevista com Larry King em 2007.

Lacker concordou com isso, escrevendo: "Vernon contratou um encanador barato - um cara que cobrava 4 dólares a hora - para fazer a cascata e ele estragou o trabalho. A parede inteira tinha infiltração e, [se deixasse], a água inundaria o quintal". O pior foi que aquela cascata causou um incêndio durante a festa de Natal de Elvis de 1971. Vernon teve que quebrar a parede para ter acesso aos fios danificados e evitar que toda a casa pegasse fogo.

Na década de 1970, não só a Sala da Selva como a mansão toda passaram por algumas consideráveis alterações em sua decoração. Conforme Runtagh, "os pilares, balaústres e portas da [arquitetura] antebellum foram envoltos em um pesado tecido de veludo vermelho, laçado com borlas douradas, como Versailles em Las Vegas... Haviam felpudos tapetes brancos, robustas cariátides e pomposos abajures adornados com falsos rubis e lantejoulas".

Naquele período, o singular gosto do Rei foi motivo de piada entre seus amigos. Certa vez, Alan Fortas, membro da Máfia de Memphis, disse que a Sala da Selva possuía "todos os móveis que você não compraria - nem em um milhão de anos". Outro amigo, Lamar Fike, comentou: "Vamos encarar os fatos: o gosto de Elvis era péssimo. Se não fosse exagerado, não servia para ele".

Por fim, a Sala da Selva acabou parecendo com um bar tiki, repleto de móveis de madeira escura. Inclusive, Elvis amava o Havaí, onde ele visitava com frequência e onde alguns de seus filmes de maior sucesso foram gravados. Ele trouxe, então, uma parte disso para sua residência. Entretanto, algumas pessoas acham que o Rei escolheu aquela extravagante decoração para brincar com seu pai.

Vários amigos de Elvis mesmo afirmam que, em um dia de 1974, Vernon disse: "Acabei de passar pela loja de móveis Donald e eles têm os móveis mais feios que já vi em minha vida". Ele chegou a descrever os itens para o seu filho. Sem hesitar, Elvis sorriu e falou: "Bom, parece comigo". Dessa maneira, talvez ele estivesse mais ciente de como seus gostos eram vistos do que alguns críticos acreditam.

O mais incrível é que a Sala da Selva até funcionou como um temporário estúdio de gravação durante 1976. Com os grossos tapetes sendo excelentes absorvedores sonoros, um estúdio móvel foi utilizado pelo Rei naquele local para algumas icônicas gravações. O resultado foi o álbum From Elvis Presley Boulevard, Memphis, Tennessee e quatro faixas do álbum Moody Blue, o qual foi lançado depois da morte de Elvis.

Todavia, talvez a adição mais emocionante e significativa para Graceland tenha sido o "Jardim da Meditação". De acordo com Runtagh, o qual escreveu para People, aquela era "uma afastada área com plantas e fontes cercadas por colunas brancas e uma pérgula". Ele acrescentou que, para Elvis, "em vida, era onde ele adorava se sentar e refletir, já na morte, tornou-se seu lugar de descanso final".

Pois é, o Jardim da Meditação é o local em que o corpo do Rei foi colocado para descansar, ficando ao lado de sua mãe, seu pai e sua avó. Há também uma lápide em homenagem a Jessie, seu irmão gêmeo natimorto. A propósito, a história de como Elvis acabou em sua casa após a morte é interessante. Afinal, ele e Gladys não haviam sido enterrados lá de início, e sim no Cemitério de Forest Hill, em Memphis.

Infelizmente, no entanto, logo tentaram remover o cadáver de Elvis de seu túmulo na intenção de fazer uma espécie de sequestro. Segundo Runtagh, "três homens foram presos, porém, o esquema tinha sido tão fraco que só foram acusados por ter invadido o cemitério. Temendo que mais gente imitasse aqueles criminosos, o corpo de Presley e de Gladys foram transferidos para Graceland".

Bem, o Jardim da Meditação manteve esses quatro membros da família até 2020, quando um quinto foi adicionado. O neto de Elvis, Benjamin Keough, filho de Lisa Marie, faleceu com apenas 27 anos e, desse jeito, foi colocado para descansar diante de seu avô.

Portanto, os visitantes de Graceland podem caminhar pelo Jardim da Meditação e prestar homenagem ao Rei e a sua família. Além disso, eles podem conhecer o primeiro andar da casa. O segundo andar, contudo, permanece fechado ao público. Lá, encontram-se os quartos de Elvis e Lisa Marie, os quais foram considerados como a área de privado refúgio dele. Desse modo, por ser proibido aos visitantes, o segundo andar tornou-se objeto de muita especulação.

Rumores correm ainda hoje de que o segundo andar foi mantido exatamente como estava quando Elvis morreu. Entretanto, isso nunca pôde ser confirmado, já que não surgiram imagens dos quartos e as únicas pessoas permitidas no andar de cima são a curadora da propriedade e os membros da família Presley, como Lisa Marie e Priscilla. Até mesmo os presidentes dos Estados Unidos não foram autorizados a entrar. A única figura pública que viu o espaço foi o astro de Hollywood Nicolas Cage, o qual foi casado por um tempo com Lisa Marie.

Todavia, em abril de 2020, uma live foi transmitida pela diretora de arquivos de Graceland, Angie Marchese e, naquele vídeo, ela deu algumas informações acerca do secreto e proibido andar. Marchese contou: "Então, a única coisa misteriosa a respeito de Graceland está no andar de cima e no fato de que era a área privada de Elvis". Em seguida, acrescentou: "Parece que ele acabou de se levantar e sair".

"Faz parte do meu trabalho manter assim. Dessa forma, nós costumamos ir lá em cima para cuidar do espaço", continuou Marchese. "O último disco que ele escutou está no toca-disco. Há um copo de isopor em uma estante de livros. A cama está feita. Nós realmente mantemos tudo da maneira que Lisa quer que preservemos".

Alguns anos antes, no programa matinal britânico Lorraine, Lisa Marie falou sobre o segundo andar. Quando questionada a respeito de seus sentimentos em relação à Graceland, ela respondeu: "É o lugar onde me sinto mais segura. Guardo comigo a chave do andar de cima".

"É apenas o quarto dele e o meu, uma espécie de refúgio", prosseguiu Lisa Marie. "Se eu pegar a chave e simplesmente fechar aquela porta, me sinto o mais calma e segura possível". Aliás, a filha de Elvis também revelou que, quando ela e sua família vão para lá no final do horário de atendimento ao público, eles acabam dormindo no segundo andar. Enfim, este especial local de Graceland é, e sempre será, somente da família Presley.